Orientação de Bússola e Mapa
Parte 2
No texto anterior nós mostramos os pontos cardeais e colaterais, falamos sobre os graus na bússola, mostramos e descrevemos as funções de cada parte de uma bússola Silva ou cartográfica e falamos sobre azimute. Para dar continuidade ao texto vamos abordar agora os seguintes temas: azimute reverso e declinação magnética. Vou deixar a parte de introdução a leitura de cartas topográficas para o artigo 3 da série.
4. Azimute Reverso
Azimute reverso é uma direção em graus que usamos para voltar até o ponto inicial de onde partimos. Imagine que você esteja em uma estrada e deseja ir até um morro próximo. Você pára o seu carro, tira o azimute para o morro e navega até onde quer chegar. Chegando lá você vai voltar para o seu carro e descobre que não tem uma referência visual dele pois a vegetação não lhe deixa vê-lo. Para voltar ao seu ponto inicial de caminhada você deverá usar o azimute reverso, um processo simples, observe:
Se o seu azimute usado na ida até o suposto morro foi menor que 180º, pegue o valor deste azimute e some com 180, o resultado será seu azimute reverso (o azimute para voltar ao ponto inicial). Exemplo:
Azimute usado na ida: 90º
Como a azimute é menor que 180º
Some 90º com 180º e encontre o azimute reverso: 270º
Se o seu azimute usado na ida até o morro foi maior que 180º, pegue o valor deste azimute e diminua 180 para obter o seu azimute reverso. Exemplo:
Azimute usado na ida: 200º
Como o azimute inicial é maior que 180º
Diminua 180 de 200 e obtenha o azimute reverso: 20º
Note que o azimute reverso de 180º pode ser 0º ou 360º, já que estes dois graus (0 e 360) correspondem ao mesmo ponto na bússola.
O azimute e o azimute reverso mostrados nestes textos formam o princípio básico para chegar até um ponto e retornar para o ponto de origem, com esses conceitos bem praticados é possível se orientar entre um ponto e outro usando referências visuais sem problemas. Em outro artigo desta série eu pretendo falar sobre como localizar a sua posição em um mapa e então navegar até um ponto qualquer, mas isso será bem mais pra frente.
5. Declinação Magnética
Se fosse simples assim seria uma maravilha, não teríamos pessoas perdidas por aí. Era só tirar um azimute pra lá, calcular o outro pra cá e estaria tudo resolvido. Contudo um pequeno detalhe nos desorienta um pouco, trata-se da “declinação magnética”, isto é, a diferença entre o Norte apontado pela bússola (norte magnético) e o Norte verdadeiro ou geográfico – que é o norte real do planeta. Essa declinação magnética é uma diferença em graus entre um Norte e outro que pode fazer uma pessoa desviar, e muito, do norte verdadeiro. Entenda isso um pouco melhor:
A linha imaginária que aponta o Ng do desenho acima seria a direção para o Norte Verdeiro da Terra, já a linha representada pelo Nm é a que aponta a direção do Norte Magnético (aquela direção apontada pela bússola). A diferença entre elas é justamente a Declinação Magnética. Em alguns pontos do planeta essa diferença pode ser grande, o que faz a pessoa se orientar em direção a um norte “falso”. Portanto, entender e saber lidar com a declinação é uma coisa muito importante.
Essa declinação varia de um local para outro do planeta tanto no valor do grau quanto na direção (leste ou oeste). Além disso a variação é anual e constante, isto é, a cada ano aquele local sofrerá sempre uma variação de X graus. Esse valor pode ser obtido no rodapé da carta topográfica ou através da página Magnetic Declination Estimated Value (neste caso é necessário informar a sua localização usando latitude e longitude, bem como a data).
Na imagem acima temos a representação da declinação magnética como ela costuma ser impressa nas cartas topográficas do IBGE. Algumas informações merecem destaque, são elas:
1. A data da carta: 1977
2. O valor da declinação: 18º 41′
3. O quanto a declinação cresce por ano: 8′
Com esses dados é possível calcular a declinação atual da carta e saber com exatidão onde é o norte verdadeiro.
Aliás vamos ver como esses cálculos são feitos:
A declinação cresce 8′ (minutos) por ano, logo temos um crescimento de (2009-1977)*8 = 256 minutos. Dividimos este resultado por 60 para obter os graus, sendo assim 256/60 = 4,266º. Para ser exato é necessário multiplicar os dígitos após a vírgula por 60, assim encontraremos os minutos precisos. Logo, 0,266*60 = 15.96 ou 16′. Pronto achamos a variação da declinação que devemos usar atualmente neste mapa: 4º 16′ (uma variação de pouco mais de 4 graus nesse período entre 1977 e 2009). Assim basta somar 18º 41′ com os 4º 16′ – o resultado (22º 57′) será a declinação que deve ser usada para se orientar.
Esse valor de 4 graus não iria afetar uma orientação geral, mas se a declinação fosse maior nesta região teríamos uma diferença maior, portanto é importante saber a declinação e aprender a calcular a atualização dela.
Aqui no Brasil a declinação é sempre para oeste (declinação negativa) por isso ao olhar o norte apontado pela bússola (norte magnético) você estará vendo um ponto situado um pouco a esquerda do ponto do verdadeiro norte.
No próximo artigo vamos ver como ler uma carta topográfica e depois como encontrar nossa posição em um mapa (triangulação) e como navegar entre dois pontos com o auxílio do mapa.
Até o próximo texto e boas trilhas!
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