VII Campori da União Norte Brasileira
“Fé em Fogo”
Parque de Exposições
Amílcar Tocantins
Paragominas – PA
22 a 25 de Setembro de 2010
Campori da UNB reúne 8 mil pessoas no sertão do Pará a fim de ensinar solidariedade, respeito pela natureza e perseverança.
A fidelidade dos jovens hebreus na corte babilônica foi o tema das mensagens do pastor Areli Barbosa (ao lado). Segundo o pastor Aquino Bastos (acima), organizador do evento, acampamentos deste gênero marcam a garotada
A manhã do quarto dia de viagem despontou sobre o rio. De dentro do navio, os olhares fixos no horizonte precedem a realização de um sonho. "Trabalhamos quase um ano para realizar essa viagem", relembra Vanderson Vasconcelos, instrutor do Clube de Desbravadores Falcões da Liberdade, de Óbidos do Pará, PA. "Nem consigo lembrar quantos quadros de nós, quadros de sementes e peças de artesanato tivemos que vender", completa Alex Mendes, também instrutor do clube. Enquanto viajavam, os 23 desbravadores não imaginavam que, ao atracar em Belém, surgiriam problemas para a conclusão do trajeto. Outros dois dias confinados nas instalações do navio trouxeram ansiedade e frustração. Porém, os jovens não desistiram. Eles seguiram viagem de ônibus, por seis horas, até Paragominas. O esforço valeu a pena. Lá, encontraram outros 190 clubes de desbravadores dos Estados do Amapá, Maranhão e Pará. As agremiações, também formadas por jovens persistentes e sonhadores, chegaram ao Parque de Exposições Amílcar Tocantins, no sertão paraense, para participar do 7º Campori de Desbravadores da União Norte-Brasileira (UNB), de 22 a 25 de setembro. Exemplo de persistência também foi dado por um grupo de ciclistas do Clube Gustavo Storch, de Belém, que pedalou os 320 quilômetros que separam Paragominas da Capital. E para fazer jus ao tema do encontro, "Fé em Fogo", a programação do campori foi aberta com fogos de artifício, com a entrada de tochas, homenagem às autoridades civis presentes e a vibração incansável dos mais de oito mil participantes. O encontro contou com as mensagens do pastor Areli Barbosa, líder dos desbravadores sul-americanos, e do quarteto.
Ação - Os quatro dias de programação foram cheios de ação para a garotada. Os esportes radicais como rapei e escalada, a descontração das brincadeiras numa cama elástica e o passeio de pedalinho no parque ambiental da cidade fizeram parte da agenda recreativa. Mas o campori não trabalhou apenas com o corpo dos juvenis. As oficinas sobre história do adventismo, customização de camisetas, desenho, Língua Brasileira de Sinais (Libras) e biscuit estimularam a socialização e criatividade dos clubes. E os concursos de ordem unida, fanfarra, canto, oratória, conhecimentos bíblicos e específicos sobre a agremiação despertaram o empenho dos desbravadores em conseguir títulos para seus clubes. A desbravadora Sâmia Sousa, do Clube Luzeiros do Oriente, de Imperatriz, MA, venceu o concurso Bom de Classe na categoria Pesquisador. "Estou feliz", diz Sâmia, "esse prêmio é o resultado do trabalho que acontece bem antes de chegarmos ao campori."
Mãos para ajudar - Outro trabalho que precedeu o evento foi a arrecadação de 2,3 toneladas de alimentos. A entrega dessas doações foi feita à assistente social de Paragominas, Dyjane Amaral, durante a programação. "É emocionante ver tantos jovens juntos trabalhando em prol da sociedade", elogiou. Luan de Lucas, do Clube Pioneiros, de São Luís, MA, justificou sua participação: "Se eu precisasse de alimentos, se estivesse passando por alguma necessidade, eu gostaria que alguém me ajudasse. Por isso, acho importante participar da arrecadação de alimentos e doar pra quem precisa." Surpresa com o porte do evento, Dyjane Amaral não poupou outros elogios: "O melhor no Clube de Desbravadores é ver que ainda existem pessoas preocupadas em desenvolver nas crianças e jovens o senso de cidadania, o convívio social e o respeito humano". Respeito pelo homem e pelo meio ambiente. Por isso, a garotada plantou cinco mil mudas na região do Polo Moveleiro. A iniciativa colaborou com o programa "Um Bilhão de Árvores Para a Amazônia", do governo do Estado do Pará. O secretário estadual do Meio Ambiente, Aníbal Picanço, participou do plantio e elogiou: "Os desbravadores estão contribuindo para uma cidade mais bonita e agradável. Se todos tivessem esse espírito, teríamos um mundo melhor.
Antes de partir – Para os Desbravadores construir um mundo melhor depende, sobretudo, da mudança do coração do homem. Por isso, no sábado, 25 de setembro, os juvenis distribuíram milhares de convites para uma série de pregações bíblicas. O tom espiritual do evento também foi dado pelas cerimônias de batismo realizadas a cada noite e pela investidura de líderes. Na cerimônia de encerramento, o pastor Aquino Bastos, organizador do evento e líder dos desbravadores da Região Norte, disse que o campori foi a realização de um sonho: "Este momento entra na história da vida desses meninos e meninas que sobreviveram a todas as dificuldades para chegar aqui." Desafios que os clubes superaram com muito esforço e criatividade. O Clube Falcões da Liberdade, mencionado no início da reportagem, ofereceu palestras e serviços comunitários, o que atraiu a atenção de empresários. As doações foram utilizadas para a compra de equipamentos, madeira e para o custeio da viagem. Por sua vez, o Clube Herdeiros do Advento, de Montes Altos, MA, vendeu roupas usadas numa feira livre na cidade vizinha. O Clube Pioneiros do Norte, de Curuçá, PA, realizou gincanas e torneios para arrecadar os alimentos que precisariam durante o evento e a diretoria do Clube Sentinelas do Equador foi aos semáforos de Macapá, AP, para vender sanduíches.
Na bagagem - A desbravadora Shara Picanço, de 14 anos, membro do clube Sentinelas do Equador, representou o esforço de milhares de adolescentes no quadro Repórter Mirim, do informe em vídeo do campori, exibido diariamente no acampamento. Orgulhosa, Shara fala que o campori, especialmente os momentos de gravação das reportagens, ficarão marcados em sua lembrança. "Sofremos muito para estar aqui. Por alguns momentos pensamos que não daria certo. Foi muito trabalho, muita despesa para cobrir. Vou chegar em casa e contar que representei uma multidão de adolescentes, desbravadores muito esforçados, como eu!" vibra Shara.
Os 23 desbravadores do Clube Falcões da Liberdade, de Óbidos do Pará, PA, viajaram dois dias de navio e seis horas de ônibus para chegar a Paragominas. E para levantar os recursos para a viagem, até quadro de nós foram vendidos.
"Foi fácil", diz a desbravadora Sâmia Sousa, que exibe o troféu Bom de Classe na categoria Pesquisador. Na agenda do evento, atividades de desenvolvimento cognitivo e físico.
Agenda: oficinas de trabalhos manuais, plantio de árvores e distribuição de convites para uma série de evangelismo.
Shara Picanço, de 14 anos, representou o esforço de milhares de adolescentes ao participar do quadro Repórter Mirim, exibido no telejornal do acampamento.