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segunda-feira, 7 de agosto de 2023

Orientação de Bússola e Mapa - Parte 1

 

Orientação de Bússola e Mapa

Parte 1



Saber se orientar em uma região desconhecida é uma habilidade básica que todos os aventureiros deveriam conhecer, afinal de contas, ficar perdido é uma coisa que pode acontecer com qualquer pessoa.

Esse texto é a primeira parte de uma série de artigos onde eu pretendo mostrar como usar uma bússola e uma mapa para se orientar em uma região e assim determinar a sua posição em um mapa e a direção correta para chegar até um determinado ponto. Além disso veremos como se deve interpretar um mapa para que seja possível posiciona-lo corretamente em relação ao terreno, reconhecer os pontos ao seu redor (montanhas, rios, vales…), determinar a sua distância entre esses pontos e saber qual o melhor caminho para passar por eles e chegar ao seu destino. O básico para qualquer pessoa que gosta de se aventurar por aí.

Vamos lá.

1. Princípios básicos de orientação – Pontos cardeais, colaterais e graus

Para ser capaz de se orientar você precisa no mínimo ter a noção dos pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste) e também dos colaterais (nordeste, nororeste, sudeste, sudoeste). Lembre-se da aula de geografia do colégio, o sol nasce sempre no Leste e se põe sempre no Oeste, com isso é possível pela posição do sol determinar onde fica o Leste ou Oeste e assim obter a direção do Norte e do Sul.

Ficando de pé aponte a sua mão direita para o sol nascente, este ponto é o Leste. Sua mão esquerda estará apontada para o Oeste e na sua frente estará o Norte e nas suas costas o Sul. Esse método elementar foi usado durante muito tempo por povos primitivos, permitindo a orientação deles quando saíam de um lugar para o outro.

Seria ótimo se pudéssemos nos orientar em um terreno usando somente este conceito. Mas nem tudo é perfeito e a nossa necessidade nos fez criar mais direções, essas direções são conhecidas como “pontos colaterais”. Os pontos colaterais situam-se entre um ponto cardeal e outro, por exemplo, entre o Norte e o Leste temos o ponto colateral chamado de Nordeste; entre o Sul e o Leste temos o Sudeste; entre o Sul e o Oeste temos o Sudoeste; e entre o Oeste e o Norte temos o Noroeste. A figura abaixo, conhecida como Rosa dos Ventos, mostra como esses pontos são posicionados.




Os pontos cardeais e colaterais mostrados ao lado costumam ser abreviados usando letras, essa abreviação segue o padrão:

Pontos Cardeais:

N – Norte
L ou E – Leste/East (onde o sol nasce)
S – Sul
O ou W – Oeste/West (onde o sol de põe)

Pontos Colaterais:

NE – Nordeste (ponto entre o Norte e o Leste)
SE – Sudeste (ponto entre o Leste e o Sul)
SW ou SO – Sudoeste (ponto entre o Sul e o Oeste)
NW – Noroeste (ponto entre o Oeste e o Norte)

Se você olhar bem para a rosa dos ventos notará que se os pontos forem unidos por uma linha eles formam um círculo. Baseado nisso cada ponto desses ganhou uma medida em graus. Esses graus são fundamentais para a nossa orientação, pois eles é que nos dirão com precisão onde estamos e para qual direção devemos seguir. Não tem mistério nenhum para entender essa graduação. O norte é o 0º e também o 360º, partindo do norte em sentido horário os graus vão subindo até chegar aos 360º. Para entender melhor observe o desenho abaixo.



Algumas bússolas são divididas de 10 em 10 graus, outras em 20 em 20 graus, outras em 30. Quanto maior for a divisão da bússola mais precisa ela se torna, permitindo a localização de graus com valores quebrados, como 275º por exemplo. A que eu costumo usar para orientação e competição de trekking é dividida de 20 em 20 graus e entre as divisões a marcação é de 2 em graus, com isso a precisão é perfeita.

Não se preocupe com esses graus agora, apenas tenha uma idéia de como estão posicionados. Não é necessário decora-los.

2. A Bússola Silva ou Cartográfica

A bússola que utilizamos para orientação costuma ser aquela conhecida como bússola Silva ou Cartográfica, um tipo de bússola diferente, que é montada em cima de uma régua de acrílico. Nada impede que você use uma bússola comum para se orientar, contudo, a tarefa fica muito mais simples com o uso da bússola Silva.

Esse tipo de bússola é composto por vários itens diferentes, conhecer e saber para que serve cada item desses é fundamental, acompanhe o desenho abaixo e veja como se chama cada parte de uma bússola Silva e qual a função de cada uma delas.



O visual pode variar de modelo para modelo ou entre fabricantes, mas a maioria das bússolas deste tipo apresenta os recursos acima, com exceção de algumas que não possuem a escala de declinação magnética. Mas está escala de declinação não é tão importante, mais na frente veremos como trabalhar sem ela. Como eu disse antes, cada parte tem uma função:

– Régua: serve para duas coisas: medir a distância entre dois pontos para calcular a distância entre eles baseado na escala do mapa; e traçar linhas retas entre dois pontos do mapa para fins de navegação.


– Escalas: servem para simplificar o uso da régua, usando as escalas você não precisa calcular a distância entre os pontos, pois as escalas já são graduadas em metros ou quilômetros de acordo com o padrão indicado próximo a elas.


– Seta de direção ou azimute: é usada para localizar a direção em graus de um determinado ponto, ou seja, o azimute de um ponto (veremos depois o que isso significa).


– Limbo giratório: possui a marcação dos pontos cardeais e dos graus, fundamental para o uso da bússola

– Portão: uma marcação logo abaixo da marca do norte que fica no limbo, é usado no processo de navegação. Pode ser uma seta como na foto ou duas marcas paralelas.

 – Linhas meridionais: servem para alinhar a bússola com as linhas do mapa, garantindo assim que ela esteja apontando a direção exata.

– Escala de declinação: serve para ajustar a graduação da bússola em relação à declinação magnética (diferença entre o norte magnético e o verdadeiro norte, explicarei melhor isso em outro artigo).

– Agulha imantada: é a agulha que aponta o norte (parte vermelha).

3. Azimute

Azimute é um termo de origem árabe (as-sumut) que significa “caminho ou direção”, para nós ele é uma direção indicada em graus, indo de 0 até 360 graus. Isso significa que é possível marcar a direção de um ponto de referência através dos graus. Com essa marcação, qualquer pessoa pode navegar entre um ponto e outro se souber o azimute do ponto de destino

Imagine a seguinte situação: você está caminhando por uma trilha e chega até um descampado, neste descampado existem quatro opções de trilhas para seguir, se você souber que a trilha certa está situada em 270º basta pegar a sua bússola e encontrar onde está esta direção, onde está o azimute para 270º…

Veja como usar o azimute:

Se você já tem o valor do azimute basta fazer o seguinte:

Vamos supor que você tenha um valor de 100º para o azimute, para encontrar está direção você deverá seguir estes passos:

1. Gire o limbo da bússola até que o grau do azimute (100º, no nosso exemplo) fique alinhado com a linha de fé (seta vermelha no acrílico).

2. Segure a bússola em frente ao seu corpo de forma que ela fique completamente reta (horizontalmente) e estável.


3. Gire o seu corpo sobre os pés até que a ponta vermelha da agulha fique alinhada com o portão da bússola (ou com a marca N do limbo, é a mesma coisa).

4. A direção apontada pela linha de fé da bússola é a direção para onde você deve seguir, ou seja, é o seu azimute de 100º.

Agora suponha que você quer descobrir o azimute de um ponto de referência, uma montanha por exemplo:

1. Aponte a linha de fé para a nossa montanha (nosso ponto de referência).

2. Gire o limbo da bússola até que o portão (ou marcação N no limbo) fique alinhado com a parte vermelha da agulha magnética.

3. O grau que estiver alinhado com a linha de fé é o azimute do nosso ponto de referência.

No próximo artigo iremos falar de azimute reverso (aquele que usamos para voltar por um mesmo caminho), declinação magnética e começaremos a aprender como ler uma carta topográfica.

Até lá e boas trilhas!





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