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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Pastor Rubens da Silva Lessa

 

Pastor Rubens da Silva Lessa

(1937–2019)



Primeiros Anos

Rubens da Silva Lessa nasceu em 24 de maio de 1937, na cidade de Anápolis, Goiás, Brasil. Filho de José da Silva Lessa e Elvira Porto Lima, seus pais foram batizados e se uniram à fé adventista em 1938, por influência de dois livros da Casa Publicadora Brasileira vendidos pelos colportores José Toledo e Alceu Cândido Damas. Os livros eram Doze Grandes Sinais da Volta de Cristo e A Esperança do Mundo. Nessa época, Rubens ainda era um bebê (com cerca de 10 ou 11 meses de idade), e por isso ele e seus quatro irmãos (Wilson, Marianita, Paulo e Juanita) foram criados com base nos princípios adventistas. 

Em 1939, um dos colportores pioneiros em Goiás, Longino Niz, chamou o pai de Rubens para ingressar na obra de colportagem. José vendia literatura e levou a mensagem adventista a todos os lugares que ia, trabalhando ao todo em 111 cidades de Goiás e Minas Gerais. Posteriormente, serviu como Diretor de Publicações nas Missões Central-Amazonas e Baixo-Amazonas, e foi pastor distrital no estado do Pará, recebendo sua ordenação em 1963. Ele serviu na Igreja Adventista por quase 50 anos, até novembro de 1986. A infância de Rubens foi marcado pelo exemplo de seu pai e por muitas mudanças, devido à ocupação dele. 

Em 23 de outubro de 1953, aos 16 anos de idade, Rubens foi batizado na cidade de Uberaba, Minas Gerais, onde sua família estava morando na época devido a uma campanha de colportagem. Ele recebeu estudos bíblicos do Pastor Lourival Ferreira, que também batizou no Rio Uberaba. Em 1954, seu pai o matriculou no Colégio Adventista Brasileiro (hoje Centro Universitário Adventista de São Paulo), onde cursou a quinta série ginasial enquanto morava na casa de um tio. Entretanto, mudou-se em seguida para Uberlândia, onde concluiu o ginásio. Os locais visitados em Uberaba e Uberlândia tinham muito preconceito religioso e se recusaram a remarcar dados de provas que caíram aos sábados. Fiel a seus princípios, Rubens não fez as provas aos sábados e, como resultado, perdeu alguns anos escolares. 

Ao final de 1959, ele foi para o Educandário Nordestino Adventista em Pernambuco, planejado de 1960 a 1964, concluindo o ensino médio e dois anos de Teologia. Em 1965, voltou ao Colégio Adventista Brasileiro, onde terminou o terceiro e quarto anos de Teologia. Para obter os recursos necessários aos estudos, ele colportou por 18 férias nas cidades de Manaus, Belém, Recife, João Pessoa, Campina Grande, Salvador, Feira de Santana, Ilhéus, Caxias do Sul e outras. Em 1966, conheceu uma jovem moça chamada Charlotte, que anos depois se tornaria sua esposa. Eles namoraram de agosto de 1966 e, em outubro de 1967 ficaram noivos. Então, em 10 de dezembro de 1967, Rubens recebeu seu diploma de graduação. 

Rubens e Charlotte se casaram no cartório em 10 de janeiro de 1969 e, no dia 12, na igreja do Tucuruvi, cidade de São Paulo. Da união, nasceram três filhas: Cláudia, Márcia e Kathia. Charlotte Fermum nasceu em Bremen, Alemanha, em 25 de março de 1949. Seus pais deixaram a Europa e se mudaram para o Brasil quando ela tinha três anos de idade, pois queriam um lugar mais pacífico onde morar. Em 1956, aos 17 anos, ela se tornou uma estudante no Colégio Adventista Brasileiro e, alguns anos depois, foi batizada em 19 de novembro de 1965. Ali concluiu os dois últimos anos do ensino secundário e, posteriormente, já casada, cursou Pedagogia enquanto morava no Amapá e em Belém, estado do Pará. Também participou por dois anos do programa De Mulher para Mulher na Rádio Notícias de Tatuí, estado de São Paulo. 

Ministério

Após a conclusão do curso de Teologia, o Pastor Lessa recebeu três convites: um para ser Missionário no Pará, outro para ser Pastor na igreja do Arruda em Recife, e o terceiro para trabalhar na Casa Publicadora Brasileira. Lessa decidiu ingressar no ministério em 6 de janeiro de 1968, como pastor na igreja do Distrito de Marambaia em Belém, estado do Pará. Desde a infância, Lessa era um leitor ávido e, enquanto aluno interno, esteve envolvido com a publicação de jornais para os colégios. Em 1968, ele tinha uma coluna no jornal A Folha do Norte (hoje O Liberal). Seus primeiros artigos falaram sobre o trabalho desenvolvido por Leo Halliwell com os ribeirinhos locais, e então, pouco a pouco, começaram a introduzir assuntos religiosos.

Percebendo o seu talento para a escrita, a Casa Publicadora Brasileira também queria que Lessa trabalhasse para eles como editor, visto que já tinha alguma experiência na edição de jornais nos colégios onde estudara. Entretanto, devido à admiração que tinha pelo trabalho desenvolvido pela Halliwells e outras missões na região Norte do Brasil, decidiu trabalhar em Belém, Pará. Ali realizou muitas viagens de barco, bicicleta e avião anfíbio para pregar à população mais isolada. Como também tinha algum talento musical, ele contribuiu para o coral Vozes da Amazônia, formado por funcionários do Hospital Adventista de Belém e membros de igrejas da região. 

Em seguida, em 1969 e 1970, foi pastor da Igreja Adventista de Macapá, estado do Amapá, onde construiu uma escola e realizou uma série de conferências públicas de evangelismo. Em 1970, uma série de reuniões foi realizada em conjunto com o Pastor Valdomiro Reis e que resultou em 68 batismos. Enquanto trabalhava nesse estado, Lessa escreveu para o jornal O Novo Amapá. Ao lado da esposa, também dirigiu um programa de rádio local chamado Rádio Novo Amapá por dois anos. 

No início de 1971, foi chamado para retornar a Belém, onde trabalhou por dois anos na Missão Baixo-Amazonas em vários departamentos: Jovens, Educação, Mordomia, Temperança, Relações Públicas e Liberdade Religiosa no ano de 1972. No mesmo ano, um congresso de jovens foi realizado no Teatro Amazonas, na cidade de Manaus, e o Pastor Lessa foi designado para organizar o programa. Teve como mentor do Pastor Homero dos Reis, Diretor Jovem da União Norte Brasileira. 

Em 1971 e 1972, enquanto esteve na liderança do departamento de Temperança, desenvolveu um projeto para oferecer seminários e assistência a dependentes químicos em Belém. Ele fez palestras em escolas governamentais e teve a oportunidade de ajudar jovens envolvidos com drogas. Lessa foi designado ao ministério em 22 de julho de 1972, durante um congresso para jovens realizado no Teatro Amazonas, na cidade de Manaus, estado do Amazonas. Na ocasião, teve o prazer de contar com a presença de seu pai. Depois de servir por cinco anos como Pastor e Diretor de departamentos no Norte do Brasil, foi chamado para trabalhar na Casa Publicadora Brasileira (CPB). 

Rubens Lessa iniciou seu trabalho editorial em 6 de janeiro de 1973, em Santo André, São Paulo. Suas primeiras responsabilidades foram preparar notícias para a Revista Adventista, traduzir o Informativo Mundial das Missões e atender às demandas para a produção da revista Nosso Amiguinho. De 1974 a 1976, estudou Jornalismo na Faculdade Cásper Líbaro em São Paulo. Isso o ajudou a tornar sua escrita mais clara e objetiva. Curiosamente, dezesseis anos antes de ser contratado pelo CPB, em agosto de 1956, Lessa havia publicado seu primeiro artigo na Revista Adventista, relatando um curso de colportagem em Uberlândia, Minas Gerais. 

Quando Rubens começou a trabalhar para a CPB, o Diretor era o Pastor Bernardo Schünemann; Lessa iniciou o trabalho em um tempo que contou com outros seis editores: Arnaldo B. Christianini, Carlos Trezza, Naor Conrado, Otto S. Joas, Ivo Santos Cardoso e Azenilto Britto. 

Em janeiro de 1978, Lessa foi nomeado chefe de redação, cargo que ocupou por 36 anos. Nessa posição, testemunhou momentos históricos do CPB, tais como a mudança de Santo André para Tatuí, a instabilidade financeira devido à alta inflação na década de 1980, a profissionalização dos Recursos Humanos na década de 1990, e a modernização e expansão do departamento gráfico na década de 2000. 

Em 1982, após nove anos de trabalho no CPB, o Pastor Lessa recebeu uma bolsa para estudar no Newbold College, Inglaterra. Permaneceu ali por dois anos e três meses, estudando inglês e dando início a um mestrado em Divindade. 

Em 1983, teve a oportunidade de visitar Israel, uma experiência interessante que lhe permitiu destacar melhor o seu trabalho. 

Posteriormente, em 1985, completou o mestrado em desenvolvimento pela Universidade Andrews, Michigan, Estados Unidos. 

Em 1995, Lessa atuou como presidente do comitê do Hinário Adventista Brasileiro, pré-lançado em 27 de novembro do mesmo ano, no Centro Universitário Adventista de São Paulo, campus Engenheiro Coelho. 

Aos 77 anos de idade, Lessa decidiu se aposentar, após servir a IASD por 46 anos, dos quais 41 foram dedicados ao CPB. Com grande respeito, ele foi homenageado pela Igreja pelo seu trabalho e legado, aposentando-se em maio de 2014. Um ano depois, foi realizada uma comemoração ao 30º Aniversário do Instituto Adventista Brasil Central (IABC) em Planalmira, estado de Goiás, com muito louvor, batismos, encontros de amigos e homenagens. Dentre as homenagens, uma biblioteca nova e moderna foi inaugurada no IABC em 31 de outubro de 2015, com 12.500 volumes, sendo nomeada Biblioteca Pastor Rubens Lessa, em reconhecimento ao seu trabalho.

Ao longo da vida, Lessa escreveu muitos livros e artigos para a Revista Adventista; dentre eles estão Diagnóstico e Remédio (1982), Livre para Viver (1990), Alimento para o Coração (2007), Ele é a Saída e o famoso Devocional do ano 2000 A Esperança do Terceiro Milênio (2000). Apesar de ser reservado, ele conquistou a Medalha Sesquicentenária da Revolução Sorocabana de 1842, em reconhecimento ao seu trabalho; também recebeu o título de Cidadão de Tatuí. 

Últimos Anos

Após sua aposentadoria, ele editou e traduziu o livro Uma Semente de Esperança do espanhol para o português e inglês. O livro foi publicado em 2015 e preparado por Roberto Gullón Canedo como comemoração aos 100 anos de funcionamento da Divisão Sul-Americana. Em 2016, escreveu o Construtores de Esperança, com objetivo de comemorar o 80º Aniversário da União Norte Brasileira. Cerca de 2000 cópias foram impressas e distribuídas à liderança Sul-Americana e outras Divisões. Em 2017, editou uma edição comentada da Nova Versão Internacional da Bíblia, com mais de 4000 páginas. 

Além disso, embora tivesse 81 anos, era culto da igreja do Inocoop em Tatuí, fez várias viagens para pregar em outras igrejas, dava estudos bíblicos, realizava batismos, lia muitos livros, e memorizava partes da Bíblia e dos escritos de Ellen White. Rubens Lessa faleceu por decorrência de um ataque cardíaco em Tatuí, São Paulo, em 12 de janeiro de 2019, aos 81 anos. A cerimônia fúnebre foi realizada no auditório do CPB. Deixou a esposa Charlotte Fermum Lessa, com quem foi casada por 50 anos, três filhas e dois netos. 

Contribuição

Rubens Lessa deixou um importante legado de 46 anos de serviço à Igreja Adventista do Sétimo Dia como Pastor Distrital e Diretor de Departamentos no Norte do Brasil, e como Editor na Casa Publicadora Brasileira, onde contribuiu por mais de 41 anos. Era conhecido por ser muito dedicado e trabalhador, assim como bastante paciente e eficiente. Seu ministério foi frutífero e de grande auxílio ao crescimento da Casa Publicadora. 

 



 

 


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