Pastor Jerônimo Granero Garcia
(1903–1974)
Jerônimo
Granero Garcia, pastor, evangelista, diretor de escola, professor e presidente
de associação, nasceu em 30 de setembro de 1903, na província de Cuenca,
Espanha. Filho de Juliam e Vicenta Garcia, Jerônimo nasceu em um lar
católico e recebeu seu nome como homenagem a São Jerônimo. Seu pai faleceu
quando ainda era criança, e depois disso sua mãe ficou preocupada com a maneira
como ele seria criado.
Um amigo encontrou Vicenta para ir ao Brasil; tendo aceito o convite, ela morou no país por um ano. Depois desse período, voltei para a Espanha a fim de buscar o filho e se estabelecer no Brasil. Jerônimo e sua mãe chegaram ao país quando ele tinha seis anos de idade e, pouco tempo depois, sua mãe o matriculou em um internato católico no bairro da Vila Mariana, São Paulo.
Em busca de um trabalho que pagasse mais, os Garcia se mudaram para Havana, Cuba. Outro motivo para a mudança foi a língua falada no país, o castelhano, língua nativa de sua mãe. Pouco depois da chegada a Cuba, Vicenta Garcia se tornou empregada de uma família abastada, mas não pôde ter o filho com ela. Como gostavam do trabalho de Vicenta, uma família, que era rica, resolveu o problema enviando Jerônimo para um internato adventista. Depois de assistir aos cultos do colégio, ele ficou maravilhado com o conteúdo apresentado.
Ao final do ano escolar, Jerônimo Garcia voltou para casa, e sua mãe notou que ele havia abandonado as opiniões católicas e se tornou um protestante. Vicenta ficou aborrecida e se aposentou da escola, encontrando emprego para ele em uma oficina mecânica; os estudos, continuaria no período noturno. Quatro anos depois, influenciado por um amigo do internato, começou a frequentar uma Igreja Adventista, apesar da desaprovação de sua mãe.
Quando Garcia decidiu se tornar adventista, sua mãe o expulsou de casa e fez com que fosse demitida do emprego. O amigo que trouxe Jerônimo para a igreja o recomendou para um emprego como cortador de cana, e ele passou a morar em uma humilde casa rural. Ali apareceu por alguns meses, trabalhando no campo, até que sua mãe descobriu onde estava vivendo e o chamou de volta para casa com uma oferta de emprego, não sabendo ela que Jerônimo ainda seguia os princípios adventistas. Ao final da primeira semana no novo emprego, Garcia disse ao patrão se poderia não trabalhar aos sábados. O pedido foi negado imediatamente, ele foi demitido e expulso de casa mais uma vez.
Depois de ter sido expulso de casa pela segunda vez, aos 16 anos, Jerônimo Garcia foi morar na casa de um pastor adventista. Em 1920, após seis anos em Cuba, sua mãe disse que estava voltando para o Brasil e gostaria que fosse com ela, em outra tentativa de afastá-lo da Igreja Adventista. Garcia decidiu retornar para o Brasil com sua mãe, mas antes de ir, perguntou ao seu pastor o endereço do Seminário Adventista em São Paulo. O endereço que recebi foi da Casa Publicadora Brasileira, então localizado na cidade de Santo André, São Paulo.
O gerente da publicadora apareceu a Garcia o endereço do Seminário Adventista (hoje UNASP, campus São Paulo), e sem o conhecimento de sua mãe, ele chegou ao destino desejado em algumas horas. Depois de algum tempo, ele retornou a esse colégio para ali viver e estudar. Foi contratado como mecânico, o que lhe ajudou a pagar pelos estudos. Em novembro de 1921, Garcia conheceu uma colega chamada Ana Klein Araújo. Em 1925, formou-se em Teologia, sendo o representante da classe.
Em 23 de fevereiro de 1926, um ano depois da graduação, Jerônimo e Ana se casaram. A cerimônia aconteceu na Igreja do Brooklin, cidade de São Paulo, e foi oficializada pelo Pastor Alberto Haygen. Ana Garcia deu grande contribuição à obra adventista como professora, obreira bíblica, cantora e escritora, além de ajudar o esposo no campo missionário.
A primeira atividade ministerial de Jerônimo foi em Bertioga, São Paulo, onde visitou famílias locais. Um tempo depois, foi chamado para auxiliar o Pastor José Amador dos Reis em uma série evangelística no bairro do Brás, São Paulo, onde trabalhou como obreiro bíblico. Como resultado, a Igreja de Belém foi fundada.
Em Mogi Mirim ele auxiliou o Pastor Luiz Braun em outra série evangelística. Dois meses depois, Braun foi transferido para outra cidade, deixando todo o trabalho realizado nas cidades de Mogi Mirim, Espírito Santo do Pinhal e do distrito de Mogiana nas mãos de Garcia. Nessa época, Jerônimo e Ana tiveram sua primeira filha, Anice.
Um pedido do Pastor Ennis Moore, ao fim de 1928 Garcia foi para a cidade de Socorro, São Paulo, a fim de realizar o trabalho evangelístico ao lado do Pastor Belz. Em seguida, retornou com a família para Mogi Mirim, onde encontrou por algum tempo. Ali teve seu segundo filho, Flávio.
Em 1930, Jerônimo foi ordenado ao ministério na Igreja Central de São Paulo pelo Pastor AG Daniells, antigo presidente da Conferência Geral. Ao ser transferido para a cidade de Campinas, Garcia auxiliou, ao lado do Pastor Haygen, em uma série de conferências que resultou na fundação de uma igreja adventista local. Depois de auxiliar em várias séries de reuniões, Jerônimo foi enviado para realizar sua primeira conferência como evangelista, sendo transferido para a cidade de Ribeirão Preto, onde foi auxiliado por Iracema Zorub.
Pouco tempo após o pedido do Pastor Germano Conrad, Garcia foi enviado a Mogi das Cruzes para auxiliar na pregação do evangelho nessa cidade, onde a única presença adventista era a família Conrad. O trabalho de Garcia começou em 1932, quando os irmãos Francisco e José Siqueira se transformaram. Ambos se tornaram líderes do departamento Jovem no Brasil. Jerônimo Garcia também contribuiu para a fundação da primeira igreja de Mogi das Cruzes e do colégio adventista local. Nessa época nasceu seu terceiro filho, Gilberto.
Em seguida foi enviado para pregar na cidade de Araraquara, estado de São Paulo. Em 1934 foi transferido para o Rio Grande do Sul a fim de servir como evangelista na cidade de Santa Maria, sendo ao mesmo tempo o pastor da igreja local. Através de seus esforços missionários, Garcia batizou Dario Garcia, que anos depois se tornou diretor do Colégio Adventista Brasileiro (CAB, hoje UNASP-SP). Foi nessa cidade que nasceu sua filha Helena.
Ao final das conferências, ele foi para a cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, dando início aos trabalhos evangelísticos no bairro de São João, auxiliados pelo Pastor Emmanuel Zorub e Catarina Grabby. Em 1936 Garcia foi eleito presidente da Missão Nordeste. Nesse campo, Jerônimo auxiliou muitas igrejas, além de fundar, em 1938, na Escola Adventista de Arruda, na cidade de Recife, estado de Pernambuco.
Em 1940, depois de quatro anos e meio no nordeste brasileiro, Garcia foi chamado para lecionar no CAB, São Paulo. O trabalho de orientar e educar novos estudantes trouxe grande alegria e paixão, compartilhando com eles suas experiências de 16 anos de ministério. Durante esse período, ele liderou a construção da entrada principal do CAB, que ainda existe hoje no UNASP campus São Paulo.
Em 1944, Garcia recebeu um chamado para voltar ao estado do Rio Grande do Sul, dessa vez como presidente da associação. Auxiliado pelo Dr. Siegfried Hoffmann, formado na Clínica O Bom Samaritano. No mesmo ano, sua filha mais velha, Anice, faleceu. Enquanto servia no Rio Grande do Sul, proteção, pregou e especificações de moda. Em 1946, retornou ao estado de São Paulo como evangelista. Em 1949, foi chamado para retornar ao CAB como vice-diretor, professor e posteriormente diretor até 1954.
Em 1954, Garcia foi chamado para liderar os departamentos da Voz da Profecia e de Relações Públicas da Divisão Sul Americana (DSA), na época sediada em Montevidéu, Uruguai. Em 1956 deixou a DSA e assumiu o setor de Relações Públicas do CAB, mas um ataque de coração forçou-o a tirar uma licença. Depois da recuperação, retornou ao colégio como professor, onde chegou até sua retirada em 1966. No início da aposentadoria, foi chamado para substituir um evangelista doente, e liderou uma série de reuniões em Rio do Sul, Santa Catarina. Em 1972 Garcia recebeu uma chamada para lecionar no curso de Teologia do Colégio União Inca, em Lima, Peru. Sua experiência de 46 anos de ministério foi de grande valia para os estudantes daquela instituição.
Dentre as diversas atividades que desempenhou, Jerônimo Garcia também se destacou ao interpretar vários pregadores norte-americanos. Sua última interpretação ocorreu em janeiro de 1974, ao acompanhar o Pastor NR Dower, então secretário Ministerial da Conferência Geral. Garcia encerrou suas atividades ministeriais em 8 de junho de 1974. Em 13 de junho de 1974, sofreu outro ataque de coração, e veio a falecer em 30 de junho de 1974. O culto fúnebre foi realizado no CAB.
Jerônimo Granero Garcia deixou um legado importante
para a Igreja Adventista do Sétimo Dia, ao qual dedicou 48 anos de sua vida
como pastor distrital, evangelista, professor, presidente de associação, e
diretor do Colégio Adventista Brasileiro. Ele se destacou por ser um
pioneiro no evangelismo, e por fundar roupas em muitas áreas do Brasil onde não
havia presença adventista.
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