Pastor Giuseppe
Carbone
O Pastor
Giuseppe Carbone nasceu em Bari, na Itália, no ano de 1944.
Viveu uma infância difícil devido a pós guerra, e foi na
década de 1960 que ele conheceu Rita sua primeira esposa, a Jovem que
apresentou a mensagem Adventista. Nascido em uma tradicional família católica, após sua conversão
ao adventismo, ele decidiu estudar Teologia no seminário da igreja em Collonges-sous-Salève,
no sudeste da França.
Em outubro de 1970, Carbone iniciou seu ministério pastoral em
Milão, uma das regiões metropolitanas mais populosas da Itália. Ali ele ficou
alguns anos até aceitar ser missionário em Cabo Verde, arquipélago de fala
portuguesa na Costa Oeste da África.
“Quando chegou a Cabo Verde não chovia fazia alguns anos. A
eletricidade era um artigo de luxo. Não havia farmácias, muito menos um
hospital. Havia muitas crianças sofrendo com meningite. Uma vez por semana,
vinha até a ilha um oficial militar que era médico, para atender um número bem
restrito de doentes”. A percepção do sofrimento humano haveria de acompanhar
seu ministério.
Em 1975, ainda na Ilha de Fogo, Carbone teve acesso a uma carta
oferecendo uma doação considerável de um filantropo alemão para construir uma
igreja naquela localidade. O projeto previa um templo, casa pastoral, salão
para os jovens e até uma escola. Aquilo trouxe muita alegria para o pastor
Carbone. Depois de tudo construído, ele tirou fotos, preparou um relatório e
enviou o registro por correspondência para Hans Freuler, o nome por trás
daquela doação.
Freuler e Carbone desenvolveram uma amizade que serviu de base
para o surgimento da entidade. O filantropo alemão fundaria três anos depois,
em 1978, a instituição Advent-Stiftung (Fundação Advento, em alemão). Em
determinado momento, Freuler confidenciou a Carbone que gostaria de investir
mais dinheiro em projetos humanitários. “Tenho recursos e gostaria de usá-los
para melhorar a vida das pessoas”. Carbone aceitou ajudar na organização e
execução dos projetos. Ele ressalta que sua participação nos projetos da Advent-Stiftung
foi voluntária no período em que esteve na ativa no ministério
pastoral. Costumava dedicar duas semanas de suas férias em projetos no
Brasil e as outras duas supervisionando iniciativas na América Central.
Uma oportunidade para expansão dos planos da entidade surgiu
quando Carbone foi chamado para a igreja no Brasil, especificamente no Ceará e
Piauí. Em 1984 e 1985 foi Departamental de Jovens e Desbravadores da Missão
Costa Norte.
“Naquele tempo, em 1982, esses dois estados brasileiros estavam
passando por uma tremenda seca. Não somente havia falta de produção agrícola,
mas escassez de trabalho no campo.” Já com a entidade legalizada e
oficialmente reconhecida, Carbone procurou Hans Freuler, pedindo ajuda para
comprar e distribuir comida no Nordeste. A assistência foi ampliada,
depois, para a compra de equipamentos. Em 1986, a fundação começou a doar
também exemplares da Bíblia, prática que continua exercendo ainda hoje.
O trabalho assistencial que Giuseppe Carbone desenvolveu no
Brasil rendeu-lhe um convite para atuar como Diretor Associado da ADRA (Agência
Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais) em nível sul-americano.
Sua preparação incluiu passar uma temporada na sede mundial da entidade, na
região de Washington (EUA), para entender melhor a dinâmica da ADRA.
A aproximação de Carbone com a realidade sul-americana o fez
enxergar melhor as desigualdades históricas do nosso subcontinente. Também
ampliou seu nível de relacionamento com governos e empresas. Foi no exercício
dessa função que o pastor adventista percebeu que um dos maiores entraves para
que as pessoas mudassem de vida era a falta de acesso ao trabalho e uma fonte
de renda. Sem trabalho, essas pessoas caíam na dependência social e depressão,
perdendo assim a autoconfiança e a própria identidade. “Conheci pessoas que
sustentavam as próprias famílias com alimentos que recolhiam no chão das feiras
ou das lixeiras que sistematicamente revistavam. Dessas observações, surgiu a
ideia de desenvolver o projeto “Viva Melhor”, que consistia na doação de um
equipamento de trabalho para quem demonstrasse disposição para gerenciar seu
próprio negócio. As pessoas recebiam equipamentos que viabilizassem a
comercialização de produtos e serviços, como carrinhos para venda de lanches e
kits de costura. Além de oferecer a vara, a entidade ensinava os interessados a
pescar: a doação do equipamento era acompanhada de um treinamento para
desenvolver o trabalho.
De volta à Europa em 1991, Carbone apresentou para Freuler um
relatório do projeto “Viva Melhor”. O alemão se interessou pelo projeto e
estava disposto a investir nele, mas infelizmente faleceu nesse intervalo.
Entretanto, a fundação resolveu apoiar a iniciativa. Foi por isso que já em
1992 equipamentos para geração de renda começaram a ser distribuídos em algumas
capitais do Nordeste e Sudeste do Brasil, e também em países da América
Central.
Com uma vitalidade surpreendente, o pastor Giuseppe Carbone não
dá sinais de que as ações da fundação Advent-Stiftung vão parar. Durante o
período em que colaborou com a fundação, ele teve perdas pessoais (Rita, sua
esposa, faleceu, e posteriormente ele se casou com Rosylene Gorski); mas também
aprimorou seus conhecimentos acadêmicos (concluiu doutorado em Antropologia
numa universidade portuguesa e em Sociologia numa instituição na Itália).
Após sua aposentadoria como pastor adventista, ele assumiu
funções executivas na entidade e passou a acompanhar pessoalmente os projetos e
a visitar as famílias beneficiadas. “A Advent-Stiftung tem uma filosofia muito
clara de trabalho. Não realizamos projetos, documentamos com fotos e depois
dizemos adeus às pessoas. O objetivo é acompanhar as famílias para nos
certificar de que elas estejam vivendo melhor”, destaca.
Assim como Bari, sua cidade natal, sobreviveu à guerra, e foi
reconstruída com trabalho, Carbone acredita que novas histórias podem ser
escritas se pessoas desfavorecidas tiverem a oportunidade de construir o
próprio futuro a partir do esforço individual.
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