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sábado, 3 de fevereiro de 2024

Pastor Antônio Nogueira Junior

 

Pastor Antônio Nogueira Junior

(1923–2009)

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Infância e Família

Antônio Nogueira Jr. nasceu em 23 de maio de 1923, na cidade de Jaú, São Paulo, Brasil. Era o filho caçula de Antônio e Alzira Nogueira, e irmão de seis meninas e dois meninos. Sua família era presbiteriana por tradição, sendo alguns deles pastores, e esperavam que Antônio também seguisse por esse caminho.

O pai de Nogueira era dono de fazendas e coronel aposentado; logo, sua família era próspera financeiramente e destacada na sociedade. Nogueira passou praticamente toda a infância em colégios internos. De 1935 a 1937, estudou em colégios internos presbiterianos no interior do estado de São Paulo. Aos 12 anos, ele visitava igrejas enquanto seus amigos faziam outras atividades aos domingos. Certa vez, enquanto negociava com fazendeiros, seu pai visitou o Colégio Adventista Brasileiro (CAB, hoje Unasp-SP) e gostou da educação adventista. Sendo assim, decidiu enviar seu filho para estudar no CAB em 1938.

Aprendendo Sobre o Adventismo

Certo dia, um colega de quarto fez a Nogueira algumas perguntas sobre a Bíblia, às quais ele tentou responder fundamentado em sua origem presbiteriana. Isso fez com que Nogueira desejasse estudar mais a Bíblia. Semanas depois, ele escreveu para sua mãe, dizendo que as crenças dela eram contrárias ao que a Bíblia diz. Essa declaração fez com que sua família temesse que ele se tornasse um “sabatista.” Eles foram até o colégio e tentaram tirá-lo de lá. Porém, o Pastor Domingos Peixoto, que era o diretor, convenceu-os a permitir que o filho permanecesse na escola, e depois aconselhou Nogueira a não escrever mais sobre o assunto. Dentro de alguns meses, ele se considerava adventista, mesmo sem professar essa fé publicamente. As experiências que teve no dormitório e os sermões que ouviu o fizeram valorizar a fé adventista.

No dia em que o colégio realizou a recolta, Nogueira participou, sem saber que era um programa apenas para os batizados na Igreja Adventista. Contudo, ele e sua dupla conseguiram a maior quantia, e Nogueira continuou a recolta por conta própria na semana seguinte. Então, ele encontrou um panfleto com uma lancha na capa e um artigo escrito pelo Pastor Leo Halliwell, falando sobre suas experiências com a lancha na Amazônia. Nogueira perguntou a um colega de classe o que ele precisava fazer para ser como aquele pastor, e descobriu que precisaria se tornar um missionário adventista. A partir daquele dia, Nogueira decidiu ser missionário e, aos poucos, abandonou antigas práticas e costumes.

Quando Nogueira foi passar as férias em casa, sua família tentou convencê-lo a não se tornar um adventista, mas ele já tinha aceitado a mensagem. Ao longo de 1939, por várias vezes expressou o desejo de ser batizado, mas o diretor não permitiu por causa de sua família. Nogueira passou por quatro classes batismais, e em 9 de novembro de 1940, foi batizado junto com sua namorada, Helga Hedy Otto. Sua família ficou ofendida com a decisão, o que lhe causou muitas pressões de sua parte. Quando concluiu o ensino médio, seu pai estava disposto a pagar-lhe a faculdade de Medicina, mas Nogueira já havia decidido se tornar um missionário adventista. Assim, ele colportou para pagar pelo curso de Teologia. Ele teve tanto sucesso na venda de livros que custeou a sua educação universitária e os estudos da namorada, além de ter arcado com os custos do casamento. Enquanto estudavam, Antônio e Helga fizeram um curso de enfermagem com duração de um ano, promovido pela Cruz Vermelha.

Trabalho Missionário e Casamento

Em 4 de dezembro de 1943, Antônio Nogueira formou-se em Teologia. O Pastor Halliwell estava presente na cerimônia, e Nogueira lhe falou sobre o desejo que tinha de trabalhar com uma lancha. O Pastor Halliwell prometeu ligar para ele e lhe fornecer uma lancha assim que sua namorada se formasse. No dia seguinte, o Pastor Germano Ritter, presidente da Associação Paulista, o chamou para trabalhar como auxiliar de colportagem em seu campo. Logo depois, Nogueira assumiu os distritos de Tupã e Marília, no interior do estado de São Paulo. Nogueira sempre preferiu usar o transporte público, pois gostava de fazer contato missionário com as pessoas ao seu redor.

Em 11 de dezembro de 1944, após dois anos de namoro e mais dois de noivado, Antônio e Helga se casaram. Ele tinha 21 anos de idade e ela, 19. Helga (1925-1998) era adventista de quinta geração e neta de Ana Dietrich Otto e Oscar Otto, os primeiros adventistas do estado do Paraná. Enquanto Antônio era um pastor inexperiente, Helga, que conhecia as doutrinas da igreja, era sua mão direita e garantiu que ele fosse bem-sucedido em seu trabalho. Ela o acompanhava em suas visitas e tocava órgão. Quando eles se casaram, ela só tinha o diploma de ensino médio; mais tarde, em Curitiba, enquanto cuidava de quatro filhos, ela estudou Jornalismo, inglês e alemão. Em São Paulo, foi professora de inglês, português, e alemão. Ajudou o esposo em todos os seus projetos missionários, dando cursos de nutrição e educação alimentar. Estudou italiano e cursou a faculdade da Terceira Idade. Antônio e Helga tiveram quatro filhos: Heldio Livingstone, Helnio Judson, Heldy Ruth e Helcy Lylian. Algum tempo após a morte de Helga, em 1998, Nogueira casou-se com Gecilda.

Em 1945, Antônio e Helga foram para Manaus, onde Nogueira atuou como obreiro bíblico. No ano seguinte se mudaram para Belém, onde serviram na Missão Baixo Amazonas. O Pastor Halliwell não estava lá, e foram informados de que a Missão não tinha recursos para manter uma lancha. Mais tarde, eles foram transferidos para Santarém, Pará, uma cidade muito antiga, com condições de higiene precárias. Quando chegaram, tiveram que deixar seus móveis à beira do rio para procurar uma casa para alugar. Conseguiram, enfim, um quarto em uma casa bem antiga, com condições também precárias. Aqueles foram momentos difíceis, pois, além de serem vegetarianos em um lugar onde não havia tanta disponibilidade de verduras, o dinheiro que ganhavam não era suficiente para sustentar uma dieta saudável.

Como era necessária uma lancha para trabalhar em Santarém, a Associação Amazonense enviou-lhes um pacote com panfletos de recolta, com os quais deveriam trabalhar. Depois de atingirem a meta da recolta - o que muitos duvidaram que fosse possível - Nogueira enviou o dinheiro à Missão, ansiando receber a tão esperada lancha. No entanto, devido ao sucesso da recolta, ele foi chamado para ser o diretor de Colportagem, Educação e Rádio. A lancha seria posteriormente construída e entregue a Valquírio de Souza Lima.

Então, em julho de 1947, assumiu o cargo na União Norte Brasileira, onde permaneceu por três anos. Em 1950, Nogueira voltou ao sul para trabalhar no distrito de Bom Retiro, estado de Santa Catarina. No ano seguinte, foi para o distrito das Lajes e, em setembro de 1952, mudou-se para o distrito de Santa Maria, estado do Rio Grande do Sul. Dois anos depois, foi chamado para dirigir os departamentos de Ação Missionária, Rádio e Escola Sabatina na Associação Sul-Rio-Grandense, em Porto Alegre. Ali foi reconhecido, reiteradamente, por ter superado os alvos anuais em dez vezes mais do que o estipulado. Em 1956 e 1957 foi Departamental de Jovens da Associação Sul Riograndense. Em 1960, começou a trabalhar na Associação Paranaense, como diretor dos mesmos departamentos.

Contribuição

Seu trabalho com a recolta foi um sucesso tão grande que, em 1968, a Associação Paranaense o enviou à Missão Mato-Grossense para ajudar a sanar a dívida com os salários dos professores, e a dívida que o Hospital Adventista do Pênfigo tinha no mercado. Após resolver tais problemas sem dificuldades, graças ao dinheiro da recolta, Nogueira foi chamado para a União Sul Brasileira (USB) em 1969, onde trabalhou em campanhas de recoltas especiais. Em 1970, tornou-se administrador dos departamentos de Assistência Social, Saúde e Expansão Patrimonial, até 1981. Mais tarde, foi departamental de Assistência Social e Saúde.

O Pastor Antônio Nogueira Jr. trabalhou por 15 anos na USB e, em janeiro de 1985, se aposentou aos 61 anos de idade, após 41 anos de serviço. Mesmo jubilado, continuou a fazer palestras de saúde, acompanhado da esposa, em várias igrejas. Especializou-se em Doutrinas da Igreja e continuou escrevendo muitos sermões. Nesses anos de trabalho, junto com sua equipe, conseguiu verbas para a manutenção das lanchas médico-odontológica e missionária, clínicas móveis (sobre rodas), clínicas fixas, hospitais, escolas, colégios e igrejas. Foi o campeão da recolta no Brasil e contribuiu para a reforma de muitas lanchas, igrejas e escolas. O pastor Nogueira também ajudou a adquirir oito lanchas, sendo quatro grandes e quatro pequenas. Foram elas: a Luzeiro do Sul, para a Associação Paranaense, a Luzeiro Paulista, para a Associação Paulista Sul, a Luzeiro do Oeste, para a Missão Mato-Grossense, e a Luzeiro do Araguaia, para a Associação Brasil Central; todas tinham uma lancha menor de apoio. Em seus últimos anos, Antônio Nogueira Jr. frequentou a Igreja da Associação Paulista Oeste e, em 2009, faleceu aos 86 anos, em Votuporanga, São Paulo.




 


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