Joselita Rodrigues dos Santos
(1933–2010)
Joselita Rodrigues dos Santos foi fundadora e líder do Clube de Desbravadores e Aventureiros, filantropa, professora e assistente social no nordeste do Brasil.
Início da vida e família
Joselita nasceu em 2 de outubro de 1933, na Fazenda Flor do
Vinhatico-Pirangú (atual município de Itajuípe), localizada nos arredores da
cidade de Ilhéus no estado da Bahia, Brasil. Ela foi a quarta de seis
filhos de José Calixto dos Santos e Joana Rodrigues dos Santos, uma rica
família de produtores de cacau do sul da Bahia. A mãe de Joselita gozava
de grande reputação entre os outros membros da igreja por sua hospitalidade,
especialmente por receber e receber colportores e outros visitantes em sua
casa. A mensagem adventista alcançou a família por meio da conversão do
avô de Joselita por parte de sua mãe por volta de 1900.
Aos três anos, Joselita perdeu o pai, que morreu após uma picada de
cobra. Essa tragédia deixou sua mãe, que na época esperava o sexto filho,
com um enorme fardo emocional e financeiro. Devido a conflitos com outros
membros da família sobre a herança, a família de Joselita foi privada de meios
para levar uma vida confortável. Sua mãe foi forçada a criar seus seis
filhos - quatro meninas e dois meninos - com uma máquina de costura, fé e
oração.
Dadas as dificuldades financeiras e a ausência de escolas adventistas na
região, Joselita teve que buscar o ensino fundamental em escolas públicas da
cidade de Ilhéus. Posteriormente, mudou-se para Salvador (capital do
estado da Bahia), onde fez o ensino médio, formando-se com especialização em
contabilidade. Embora ela tenha se tornado professora mais tarde, sua
experiência em contabilidade a ajudou a conseguir outros empregos no serviço
público.
Em 1943, aos 10 anos, foi batizada em um rio entre as cidades de Ilhéus
e Itabuna. Joselita começou a trabalhar muito jovem para ajudar sua
família. Por volta de 1961, ela se casou com Jordão Magno do Ouro, um
pastor adventista. Poucos anos depois, seu marido foi chamado para servir
em Campina Grande (na Paraíba), e lá ela teve seu único filho biológico, a quem
deram o nome de Jean Magno do Ouro. Mais tarde, eles adotaram uma menina
de uma semana que havia sido abandonada na porta da família. Chamaram a
menina de Jeanne Márcia Rodrigues do Ouro.
Serviço
Seu ministério como líder do
Clube de Desbravadores começou em 1960, aos 27 anos, na cidade
de Salvador. Ela foi inspirada por um de seus alunos, um líder de um clube
de meninos na igreja católica de sua vizinhança. Ela ficou tão surpresa
com a ideia de ter um clube de meninos e meninas que decidiu criar um em sua
igreja. Ao começar a buscar as informações necessárias, encontrou um
manual de 8 páginas com orientações para a fundação de um Clube de Desbravadores que recebeu do diretor de jovens de sua
área local (Missão Bahia-Sergipe).
Em março de 1960, Joselita fundou
um Clube de Desbravadores na cidade de
Salvador. Na época, um administrador enviou uma carta ao marido,
aconselhando-o a não permitir que sua esposa fizesse esse tipo de trabalho, uma
vez que “não era adequado que ela fosse vista fazendo esse tipo de
coisas”. No entanto,
outro administrador a convidou para ajudá-lo a iniciar um Clube de Desbravadores em sua própria igreja.
Em 1968 Joselita mudou-se para Recife, Pernambuco, com o marido que havia recebido um chamado para trabalhar em uma nova área. Enquanto morava em Recife, fundou um Clube de Desbravadores na Igreja do Salgadinho e, assim, em todas as cidades onde seu marido foi chamado para servir, fundou um Clube de Desbravadores. Quando o marido foi transferido para a comarca pastoral de Mossoró e Areia Branca (RS), ela fundou mais dois clubes que se reuniam todos os domingos. Todos os domingos ela se encontrava com o clube Areia Branca pela manhã e depois viajava cerca de 50 km até Mossoró para se encontrar com o outro clube à tarde. Os dois clubes costumavam participar de algumas atividades e acampamentos juntos.
De 1971 a 1972 Joselita fundou o Clube de Desbravadores de Campina Grande (PB). Depois que seu marido foi chamado para desempenhar funções administrativas, o que permitiu à família uma vida mais estável, Joselita se dedicou a ajudar jovens carentes financeiramente a frequentarem os internatos adventistas. Naquela época, ela trabalhava em uma agência do governo e começou a arrecadar fundos para ajudar financeiramente os alunos que ela estava enviando para a escola.
Vida posterior
Joselita nunca ocupou qualquer cargo
remunerado na Igreja Adventista. Seu trabalho era inteiramente
voluntário. Ela se aposentou do serviço público em 1982 e, na época
solteira, decidiu residir na aldeia de Capoeiruçu, no município de Cachoeira
(Bahia), próximo ao campus do Instituto Adventista do Nordeste do Brasil
(posteriormente Nordeste do Brasil) Faculdade). Em 1983 fundou
o Clube de Desbravadores do Instituto
Adventista e um clube na vila de Capoeiruçu.
Ela era conhecida por suas fortes capacidades de liderança. Ela
convidou as pessoas para sua casa, normalmente para um culto ao pôr do sol na
sexta-feira, onde forneceu alguns lanches. Os pais vieram com seus filhos
e ficaram muito satisfeitos com o tratamento e a recepção. Ela então
explicaria que havia um clube para meninos e meninas aprenderem sobre a Bíblia
e boas maneiras, e onde eles poderiam desfrutar de uma banda, acampamento e um
coral. Ela também explicou que para ser membro do clube as crianças devem
estar na escola. Quando as crianças ingressaram no clube, ela se
encarregou de encontrar doadores para patrocinar bolsas de estudo para
eles. A cada três ou seis meses, as crianças eram instruídas a enviar uma
carta aos padrinhos relatando seu desempenho e agradecendo pelo apoio.
Ao mesmo tempo, mais de 120 meninos e
meninas participavam de suas reuniões de desbravadores,
realizadas em sua própria casa todas as terças e quintas à noite e todos os
domingos de manhã. Ela acreditava fortemente na educação adventista e
na disciplina de desbravadores, que
considerava as ferramentas básicas para ter sucesso na vida. Ela tinha um
poema favorito, cujo lema era seu clube de desbravadores: “Eu
vencerei, a vida é uma jornada, onde ficar fraco é covardia”. Ela frequentemente
citava este poema em reuniões e outros eventos dos Desbravadores.
Seu clube chamava-se “Garimpeiros do Saber” [lit. Wisdom Miners], que era um reflexo de sua própria paixão por sabedoria e conhecimento. Ela não apenas incentivou os jovens a irem à escola, mas ela própria obteve vários diplomas universitários. Não satisfeita por ter apenas uma licenciatura em Serviço Social, conquistada mais cedo na vida, formou-se em administração, educação, psicopedagogia e teologia. No primeiro campori da União Sul do Brasil, após 26 anos de experiência com clubes de Desbravadores, ela declarou: “Vim ao campori para me atualizar e ver o grau de desenvolvimento dos clubes de São Paulo”.
A grande paixão de Joselita eram seus clubes de desbravadores. Quando um de seus doadores lhe ofereceu um carro novo, ela solicitou que fosse convertido em dinheiro para conseguir bolsas de estudo para meninos e meninas de seu clube. Em alguns casos, mesmo depois que um menino ou menina ultrapassou o limite de idade para se tornar membro do clube, ela continuou a aconselhá-los e a financiar seus estudos.
Os instantâneos a seguir dão uma ideia de sua influência duradoura sobre os jovens. Em testemunho pessoal, Eliel dos Santos Leal, ex- desbravador, afirmou que pretendia estudar administração, mas Joselita o aconselhou a cursar pedagogia e depois se especializar em administração escolar. Seu raciocínio: existem escolas em todos os lugares, mas não há uma empresa em todos os lugares. Ele seguiu o conselho dela e atualmente atua como diretor da escola de Capoeiruçu. Além disso, ele também é ancião da igreja há cerca de dez anos.
Abigail Oliveira testemunhou que tinha sete anos quando conheceu Joselita. Ela queria participar do clube de desbravadores, mas era menor de idade. Joselita não esperou muito e fundou um clube de aventureiros. Assim, a menina e seus irmãos não apenas se tornaram aventureiros, mas também receberam ajuda financeira para estudar na escola adventista. Eventualmente, aquela garota se formou em biologia e atualmente é professora em uma escola pública.
Carlos Antonio Menezes Pinto, outro ex- desbravador, que frequentava os cultos em sua casa, estava prestes a abandonar a escola pública porque estava tendo um péssimo desempenho em matemática. Joselita disse a ele para trabalhar mais e, se ele conseguisse, ela prometeu conseguir uma bolsa para ele estudar na escola adventista. Ele trabalhou muito e Joselita honrou sua palavra, como sempre. Hoje ele é professor de matemática.
Homenagens e Legado
No livro Pathfinder Story, Joselita é citada como
uma pioneira em Pathfinder no Nordeste do Brasil
na década de 1960. Em 2005 recebeu o título de cidadã emérita da cidade
pela Câmara Municipal de Cachoeira (BA). Naquela época, Joselita
patrocinava os estudos de 52 Pathfinders no Northeast
Brazil College. Posteriormente, ela recebeu outro reconhecimento por seus
serviços do município de Cachoeira, quando a creche pública (com capacidade
para 60 crianças) na aldeia de Capoeiruçu foi batizada em sua homenagem.
Joselita faleceu no dia 3 de janeiro de 2010, aos 76 anos, mas os frutos extraordinários de seu trabalho durarão muitos anos, e só no céu será conhecido o impacto total de sua vida. Ela ajudou muitos meninos e meninas vulneráveis em risco, que costumava chamar de "meus filhinhos". Muitos deles hoje servem a comunidade e a igreja como professores, enfermeiras, administradores, pastores, etc. Como o Pastor Baraka Muganda, Diretor Mundial da Juventude 1995-2010, resumiu apropriadamente: “Aqui estava uma mulher que não apenas sacrificou seu tempo e finanças para seus desbravadores, mas também queria ver esses meninos e meninas preparados para a vida aqui na terra e para o reino por vir. Ela era de fato uma gigante líder de desbravador.
Índice Geral da União Nordeste
Nenhum comentário:
Postar um comentário